Diástase Abdominal

Diástase Abdominal no Puerpério

Como já conversamos anteriormente, durante a gestação ocorrem muitas e intensas alterações no corpo da mulher. Entre elas estão àquela avalanche de hormônios, a relaxina, a progesterona e o estrogênio, que deixam os ligamentos mais frouxos.

Além do aumento do peso corporal, a Diástase Abdominal é uma das maiores preocupações das mulheres durante o período pós-parto.

Nesse artigo vou falar um pouco mais sobre a Diástase Abdominal e apresentar algumas técnicas que podem ser usadas com as gestantes durante todo o processo.

O que é a Diástase Abdominal?

O útero durante a gestação está em constante crescimento, e apesar de não pertencer ao sistema musculo esquelético, que é com o que estamos habituados a trabalhar, é a principal causa de todas as alterações que ocorrem no corpo da gestante.

A Diástase Abdominal nada mais é que o estiramento da musculatura abdominal, que ocasiona a separação dos feixes dos músculos retos abdominais ao longo da linha Alba (Diástase dos músculos retos abdominais – DMRA).

De um modo geral, na literatura, considera–se como uma diástase fisiológica, ou seja, uma separação que é necessária que aconteça para acomodar o bebê, uma separação de mais ou menos três centímetros, que seria aproximadamente, dois dedos.

Normalmente, a gestante apresentando essa separação dita como fisiológica, terá um retorno espontâneo, às condições que apresentava antes da gestação.

A Diástase Abdominal não provoca dor, entretanto nossa principal preocupação com essa puérpera que vem para os nossos cuidados, é a falta de estabilidade que isso ocasionou no corpo dela, o que consequentemente, pode gerar dores lombares.

Qual a importância da Correção Postural?

O ganho de peso, principalmente após as 24 semanas, tensiona a coluna e as articulações sacroilíacas, que estão sem estabilidade neste momento. Por isso, é importante trabalharmos o fortalecimento dessa musculatura estabilizadora, a fim de minimizarmos esses desconfortos.

O aumento do peso corporal e as adaptações posturais que ocorrem não se corrigem espontaneamente assim que nasce o bebê, por isso devemos iniciar o trabalho postural o quanto antes.

Alterações na postura da mulher, como a anteversão pélvica, acompanhada ou não de hiperlordose lombar, ocasionam mudanças do ângulo de inserção desta musculatura abdominal e pélvica e influenciam diretamente na biomecânica postural, o que vai gerar um déficit na sustentação dos órgãos.

Sendo assim, teremos um prejuízo no vetor de forças, aonde essa musculatura da parede anterior do abdômen irá diminuir a capacidade de contrair.

Por esse motivo, devemos trabalhar durante toda a gestação a ativação da musculatura profunda do abdômen, que vai minimizar esses efeitos provocados pela Diástase Abdominal. E não devemos insistir na contração da musculatura dos retos abdominais, que perdendo uma de suas principais funções.

Normalmente esta condição ocorre inicialmente no segundo trimestre da gestação, com uma maior incidência nos últimos três meses, em decorrência do aumento do volume abdominal.

Quais fatores aumentam a probabilidade da Diástase Abdominal?

Estudos mostram que a incidência maior é em mulheres com baixo tônus da musculatura abdominal, outros fatores que predispõem são: obesidade, gestações múltiplas, multiparidade, polihidrâmio (excesso de líquido amniótico), macrossomia fetal.

Em minha prática clínica, tenho visto uma prevalência maior em mulheres que apresentam hiperfrouxidão ligamentar ou que tem a estrutura corporal menor (muito magras). A maioria das mulheres que me procuram, não tiveram a orientação médica, simplesmente começaram a perceber dificuldades em alguns movimentos em que a musculatura abdominal era exigida e também o não entendimento do porque a barriguinha continua mesmo depois de tanto tempo que nasceu o bebê.

O puerpério tem duração média de 6 a 8 semanas, nas quais as modificações ocorridas no corpo da mulher durante a gestação irão retornando, pouco a pouco, ao estado anterior à gravidez. Esse período pode ser dividido em três estágios: pós-parto imediato (1º ao 10° dia após a parturição), pós-parto tardio (11° ao 45°) dia e pós-parto remoto (além dos 45 dias).

Quando o profissional deve iniciar a atuação no pós-parto?

A nossa atuação como instrutor de Pilates no pós-parto, na maioria dos casos se inicia o pós-parto remoto, e na maioria das vezes depois de dois, três meses ou até um ano após o nascimento do bebê.

Alguns instrutores, já nem consideram um pós-parto, quando passa de um ano após o parto, porém se essa mulher não teve nenhum treinamento específico após o parto, precisamos continuar tendo cuidados, principalmente com a musculatura abdominal.

Independente do momento em que ela chegar a nosso estúdio, devemos realizar o teste para avaliar se há a Diástase Abdominal e, se tiver, mensurar o tamanho para posteriormente reavaliar e continuar ou não com a conduta adotada durante as aulas.

Como avaliar a musculatura abdominal da mulher?

Na posição supina com quadris e joelhos fletidos a 90º, pés apoiados e braços estendidos ao longo do corpo. Nessa posição, solicitar a flexão anterior do tronco até que o ângulo superior da escápula estivesse fora do apoio. E assim vamos percorrendo ao longo da linha Alba colocando os dedos perpendicularmente entre as bordas mediais dos músculos reto abdominais.

Caso essa aluna não apresente uma DMRA podemos trabalhar as flexões de tronco, de acordo com a condição física de cada aluna. Caso contrário, devemos evitar as flexões de tronco (Abdominais tradicionais e rolamentos para trás) e treinarmos muito a ativação da musculatura abdominal profunda (Power House), partindo de assoalho pélvico, transverso abdominal, oblíquos internos e retos abdominais.

Associado com a respiração, temos que pensar prioritariamente em reativar essa musculatura estabilizadora que se encontra bem fraca. E também devemos orientá–la que faça isso em casa pelo menos 10 minutos por dia, além de orientar que vire de lado para se levantar, evitando a sobrecarga.

A partir da evolução desse controle e coordenação muscular, podemos adicionar inicialmente movimentos mais simples e que não exijam tanto de musculaturas mais globais.

Utilizaremos primeiro exercícios com cadeia cinética fechada, depois semi aberta, e as abertas ficarão mais para um momento em que ela já esteja bem melhor condicionada. O tempo para a evolução vai depender da condição física de cada uma, da extensão da DMRA e também da disciplina no dia a dia e nas aulas de pilates.

Lembrem–se que aqui neste artigo estou dando ênfase a uma das alterações que ocorrem no pós-parto, mas não deixem de considerar as outras mudanças posturais que ocorrem, realizando uma avaliação postural, funcional, e de tudo que possa interferir nas AVDs dessa sua aluna.

Você que é Profissional de Pilates e deseja se especializar em Pilates no pós parto participe do meu Workshop para Profissionais Clique aqui e faça sua inscrição!

Dra. Patrícia de Andrade Valeriano – Crefito 3/77458-F

Fisioterapeuta especialista em saúde da mulher e diretora técnica da WP Pilates & Saúde

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *